CARTA A UM JOÃO, MAS QUE PODE SER A MARIA, JOAQUIM, INÊS, PEDRO, DIOGO, MÁRIO, CARLOS, RITA OU QUALQUER OUTRO ...
Irei dirigir-me aos jovens sobre a supressão dos exames no básico, colocando na mesa uma forma de educar e formar bastante populista, mas nas antípodas do bom senso.
Ao João em particular, evidenciando uma discórdia saudável, no intuito de um maior crescimento intelectual, onde a opinião de outros seja sempre ultrapassada pela própria.
A vida não é fácil, nem para aqueles que vivem debaixo dos guarda chuvas partidários, dos pais, dos padrinhos e da corrupção.
Até esses terão dificuldades, nas suas ascensões batoteiras. Jovens, deverão em primeiro lugar pensar naquilo que podem deixar ao país e não aquilo que Dele podem tirar.
Ao votarem sem reflexão prévia como estava no programa do PS na página 105 salvo erro a anulação das provas do 1º Ciclo, apenas confirmam que a agenda é estabelecida por outros, sem que se veja qualquer voz a apelar ao bom senso.
Preocupante numa juventude irreverente, sempre pronta para a contestação.
Ao encorajar o facilitismo, estamos a mostrar um caminho contrário aquilo que serão as leis da vida.
Se os meninos acharem a escola difícil, os professores exigentes, o que dirão um dia do mundo do trabalho onde a exigência é palavra mais vivida?
Se os meninos não forem educados para o esforço e no esforço qual será a formação dessas crianças quando chegarem a patamares superiores?
Os meninos não terão explicadores para os ajudar quando chegarem ao mundo do trabalho, terão que ser eles a resolver os problemas e a executar as tarefas.
A escola pode eliminar todos os exames, misturando bons e maus, trabalhadores e preguiçosos, honestos e vadios, mas na vida nada será assim. A vida permite errar, mas esses erros pagam-se caro, quem erra paga.
A vida não reconhece complacência de colegas, de professores, nem da sociedade. Erras, pagas! A vida exige, esforço, disciplina, dedicação e tudo isto apenas se consegue pelo trabalho responsável.
Os apadrinhados serão muito poucos e desses quase nenhum atingirá a excelência, serão meros falhados, usurpadores do esforço alheio, serão sempre uns reles.
Gozar com aqueles que pensam como eu ,e correr o risco de um dia ter que lhes bater à porta à procura de um posto de trabalho.
A cultura do menor esforço conduz apenas a um modelo de sociedade mais pobre, decadente e condenada.
Caro João, vale a pena pensar nisto?
PAULA CRUZ
(Cidadã do Mundo)